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É à noite, quando talvez devêssemos estar sonhando, que a mente é mais clara, que nós estamos mais aptos a segurar nossas vidas na palma da nossa cabeça. Eu não sei se alguém ja notou a grande atração da insônia antes, mas é assim: a noite parece libertar um pouco mais da nossa vasta herança de instintos e sentimentos; como com o alvorecer, é permitido que um pouco de mel goteje entre as fatias do sanduíche, um pouco do recheio dos sonhos goteja na mente que acorda. Eu queria acreditar, como J. B. Priestley acreditava, que a consciência continua após a desincorporação ou a morte, não para sempre, mas por um longo tempo. Setenta anos é uma fração de tempo tão miserável, quando há muito mais tempo à nossa volta. Talvez por isso alguns de nós sejamos insones: a noite é tão preciosa que seria covardia dormir por toda ela! Uma "má noite" nem sempre é uma coisa ruim. (pt) |