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Já expliquei, aparentemente em vão, que a "liberdade" não é, logicamente, um princípio universal de aplicação óbvia e improblemática como a igualdade perante a lei ou a proibição do falso testemunho, e sim apenas uma conveniência prática que deve ser administrada com prudência, já que, como toda conveniência prática, inclui em si sua própria limitação e, estendida sem critério, se perverte automaticamente numa rede de limitações chamadas ironicamente de "liberdade". Essa advertência torna-se ainda mais importante no caso da "liberdade religiosa" -- uma bolha de sabão verbal que estoura no ar à primeira tentativa de levá-la à prática. Estudei Hegel o suficiente para entender que ele tem razão ao dizer que todo preceito particular tomado como universal se converte automaticamente no seu oposto tão logo sai do papel para a realidade. Apenas, não vejo como explicar isso a nenhum político, militante ou eleitor apaixonado pelos "valores ideais" que imagina defender. O destino deles é sentar na própria pica pelos séculos dos séculos, sem conseguir jamais tirar a menor conclusão da experiência. (pt) |