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A crise passa ainda pela substituição de homens reais por homens políticos. Já não é possível ter paixões individuais, apenas coletivas, ou seja, paixões abstratas. Quer se goste ou não, é impossível evitar a política. Já não importa se respeitamos ou evitamos o sofrimento de uma mãe, o que importa é garantir o triunfo de uma doutrina. Já não se considera o sofrimento humano um escândalo, é apenas mais uma variável numa conta cujas somas terríveis ainda não foram calculadas. É claro que estes sintomas distintos podem ser resumidos como algo que pode ser descrito como o culto da eficiência e do abstrato. É por isso que os europeus de hoje conhecem apenas a solidão e o silêncio. Já não conseguem comunicar uns com os outros através de valores partilhados. E, visto que já não estão protegidos por respeito mútuo com base nesses valores, a sua única escolha é tornarem-se vítimas ou carrascos. (pt) |