so:text
|
Depois que lancei o livro e apareci no "Jô Soares Onze e Meia", tenho sido procurada por muitos meninos e meninas com discordância de gênero. Assim como aconteceu comigo, eles não têm com quem desabafar e encontram em mim essa pessoa. Não há um conselho genérico que eu possa dar, cada história é diferente da outra. Quando você percebe que não é o que as pessoas esperam que você seja, vem a culpa. Nunca fui um menino gay, um menino efeminado. Fui uma menina deficiente, mas quem iria entender isso? A criança fica numa situação de extremo desespero. Se ela se mostra, passa a ser torturada e acaba no meio de marginais, porque ninguém a apoia. Então o que fiz? Quando vi a fria em que estaria entrando se revelasse quem realmente era, pensei: ‘Querem que eu seja hominho, não é tão difícil parecer.’ E fui uma atriz perfeita, ninguém jamais desconfiou. Decidi abrir mão de minha sexualidade até o dia em que pude me assumir como mulher. Já que esse lado afetivo estava prejudicado, aproveitei para me desenvolver culturalmente. Estudei muito, fiz Engenharia Química na Politécnica, Filosofia na PUC, um monte de mestrados e doutorado no exterior, dei consultoria na Europa e na África. (pt) |